Chato e desnecessário, concordo, mas não significa que queiram montar um livro à custa de testes. Muitas vezes, é possível negociar um teste menor. Mas sem acusações, por favor. Minha experiência de mais de dez anos com listas de discussão de tradutores me diz que a turma, em geral, é rápida demais para dizer que está sendo vítima de algum tipo de esbulho. Uma editora tem mil razões para mandar um capítulo de um livro como teste e maioria delas não é "ludibriar o tradutor".
Com as agências, a situação é um pouco diferente. Bem diferente, aliás. Você manda o currículo, eles te mandam um teste. Pode ser um teste padrão. Pode ser um trecho de um serviço já feito há tempos. Pode ser alguma coisa que eles estão orçando no momento. Pode ser até alguma coisa que tiraram da Internet e nem pensam em traduzir.
Muitas vezes, o teste nem é examinado na hora em que chega: não tem ninguém disponível para uma avaliação. Um dia qualquer, a agência está apertada com excesso de trabalho, precisando de mais gente para um projeto enorme que saiu do nada, então, abrem a pasta dos testes e vão procurar quem possa participar. Encontram o teu, e, se gostarem, vão telefonar apavorados, rezando para você poder aceitar. É assim que funciona.
Claro, se você achar que o teste é absurdo, pode se negar a fazer. Ou, melhor ainda, simplesmente não faça e não comente mais nada. Escrever para a agência, dizendo "umas verdades", pode ser muito divertido e, se você puser a mensagem numa lista de discussão, até pode encher o teu ego de satisfação com o apoio dos colegas. Mas não resolve nada.
Mas, diria eu, se tiver tempo, faça o teste. Raciocine comigo: se você fizer o teste, existe uma remota possibilidade de aproveitarem o seu trabalho sem pagar; entretanto, se você não fizer o teste, pode ter a certeza de que jamais vai receber serviço desse cliente.
Se for um capítulo de livro, uma das precauções que você pode tomar é imprimir o teste e mandar duas vias para você próprio, em dois envelopes separados, ambos registrados. Quando receber, guarde os dois envelopes selados em lugar seguro. Se um dia o livro sair e vier com sua tradução, leve um dos envelopes ao seu advogado, mantendo o outro fechado e em lugar seguro. Conta a história para seu advogado e divirta-se.
Duas coisas: primeira, não vá ter a descortesia de dizer à editora que você fez isso, por segurança; segunda, a chance de alguma editora usar esse sistema é baixíssima. Sei, já aconteceu e tal.
Agora, chega de teste. Vamos mudar de assunto. Se você gostou deste blog, volte amanhã e divulgue para seus amigos. Se não gostou, me escreva sentando o pau e recomende à sua sogra.
sábado, 14 de abril de 2007
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