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sexta-feira, 6 de abril de 2007

Você revisa tradução automática?

Sabe, tradução automática? Na pior das hipóteses, Babelfish ou Powertranslator; na melhor, Systran? Voê revisa?

Outro dia, tinha um colega indignado dizendo que não revisa e pronto. Ele pode não revisar, mas eu reviso. Não tenho nada contra tradução automatizada. Aliás, é bem possível que, com o desenvolvimento do campo, os programas melhorem e comece a ficar cada vez mais comum algo que já se vê por aí: pedidos de revisores para tradução automática.

Por que a indignação? O problema não está em fazer revisão de tradução automática, mas sim em quanto se cobra para esse tipo de serviço. Todos nós prestamos uma porção de serviços diferentes e precisamos ter preços diferentes para eles. Por exemplo, eu cobro mais caro para traduzir arquivos ppt do que para traduzir arquivos doc. Por quê? Porque a produção é menor. Quer dizer, traduzir 4.000 palavras de MSWord é uma coisa, traduzir 4.000 palavras, mesmo que sejam exatamente as mesmas 4000, num arquivo PowerPoint, é outra coisa: demora muito mais e, por isso, custa mais caro.

O mesmo com as revisões. Há traduções que permitem revisar 10.000 num dia sem grande esforço. Para outras, 4.000 palavras num dia são um sufoco. Claro que as mais trabalhosas devem ter um preço por palavra mais alto, para compensar o tempo maior que exigem.

Faz uns quinze dias, peguei uma revisão feita por um tradutor que tinha dois defeitos: o primeiro era acreditar cegamente num glossário qualquer que conseguiu em algum lugar; o segundo era ter graves problemas de decupagem.

O original usava freqüentemente uma determinada palavra inglesa que tem duas traduções em português. O glossário do tradutor tinha só uma dessas traduções e essa foi usada de cabo a rabo na tradução, embora o contexto mostrasse que a tradução estava errada. Mas estava no glossário, e quem traduziu acompanhou o glossário.

A história da decupagem é mais complexa um pouco, principalmente porque não posso dar exemplos tirados do trabalho. Mas é o seguinte: se você tem uma frase inglesa que diga black coat and tie, pela gramática, em si, não dá pare dizer se o paletó e a gravata eram pretos, ou se preto era só o paletó. Cabe ao tradutor examinar o contexto e decidir o que era preto e o que não era. Pois quem fez a tradução metodicamente fazia o adjetivo se aplicar exclusivamente ao primeiro substantivo, um erro elementar. Ficava sempre o paletó preto e a gravata, por mais que o contexto indicasse o contrário.

Esse cliente me paga por hora e está acostumado com uma certa relação entre o número de palavras e o de horas gastas. Mas sempre me manda traduções feitas por um colega competente e essa estava um lixo. Então, foram mais horas e o preço foi maior. A quantidade de alterações deixava claro o trabalho que tinha dado a revisão e justificava a cobrança maior.

Cabe ao cliente, não a mim, somar o meu custo com o custo da tradução e ver se compensa mais entregar os futuros serviços ao tradutor competente ou ao incompetente, ao Systran ou a um tradutor humano. Cabe a mim o direito de cobrar pelos meus serviços em proporção ao trabalho que dêem. Só isso.

Agora, vamos ver se amanhã consigo postar de novo ou se vou ter outro revertério bloguístico. Só voltando amanhã, para saber. Obrigado pela visita – e não se esqueça da Reunião na Sala 7. Grátis, como de hábito.

Um comentário:

Anônimo disse...

e muito legal este site para o tradutor