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quinta-feira, 31 de maio de 2007

Você cobre? (2)

Pois é. Então, como estava dizendo. O que fazer quando o cliente me pede para cobrir um orçamento. A primeira vez que isso aconteceu, fiquei surpreso. Era, ainda, no tempo em que a gente ia ao escritório do cliente fazer orçamento. O cliente me mostrou uma cotação, inclusive de uma amiga minha. Fiquei bobo. Disse que ia mandar a cotação por escrito, voltei para casa, telefonei para a colega, contei a história. Indignado, cotei o dobro do que ela tinha cotado, que não era pouco.

Me arrependi. Não deveria ter participado da palhaçada. Esse é o ponto: não participar. Se alguém me diz, tenho um orçamento de dez, você cobre, minha resposta, automaticamente, é "não". Acho uma indignidade de parte do cliente e não participo. Aliás, o mesmo cliente me convidou para uma segunda concorrência e me neguei a participar.

Quer dizer, se você participa de uma indignidade, está não incentivando a recorrência dessa indignidade, como também se sujando. Pedir um desconto acho normal, embora eu não conceda. Mas pedir para cobrir, acho um insulto. Não vou perder minha dignidade participando dessas coisas.

Além disso, não argumento, não discuto, não digo que sou competente, não digo que "meu preço é condizente com minha experiência", não digo que é um insulto, nada disso. Digo "não, não senhor, por uma questão de política comercial, jamais participo de leilão às avessas".

Quer dizer, se você quer ser respeitado pelo cliente, primeiro tem que se dar ao respeito. E cobrir oferta dos outros não é um bom meio de granjear respeito.

Chega por hoje. Até amanhã.

Um comentário:

Gio Lester disse...

:o) Será que todo autônomo passa por essa? Quando foi a minha vez, coisa de um ano atrás, pela primeira vez em 27 anos de carreira, recomendei a colega com o maior carinho e respeito, pois ela o merecia. Como aprendi com você: cada um dá o valor que quer a seu trabalho (parafraseando).
- Gio