Mudamos para www.tradutorprofissional.com

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Na Simultânea, é Pá-pum!

A maioria dos tradutores de texto-para-texto tem uma profunda admiração pelo pessoal que faz simultânea. A admiração é merecida, mas eles não são supertradutores, simplesmente têm um treinamento especial, para lidar com uma situação diferente do texto-para-texto.

Porque, na interpretação simultânea, privilegiamos a simultaneidade, ao passo que na texto-para-texto privilegiamos a precisão. Quem faz simultânea tem que ter uma solução na ponta da língua, quem faz texto-para-texto tem que ter uma solução precisa. Aí é que entra a história do fox paulistinha da Raquel Schaitza, amiga de muitos anos, que costuma vir comentar estes escritos e que faz tanto simultânea como texto-para-texto.

Contou ela há anos, nos tempos em que ambos vivíamos na trad-prt, que um dia, numa simultânea, um sujeito disse eu tenho um fox paulistinha. Agora, ainda que mal pergunte, como raio se diz fox paulistinha em inglês? E bem curtinho, por favor, porque em simultânea não cabem longas interpolações do tradutor, explicando a gênese e características da nobre estirpe dos fox paulistinha: o orador fala, não para de falar e, se o intérprete bobear, a vaca vai para o brejo.

A Raquel nunca contou para a gente exatamente o que ela disse — talvez nem lembrasse mais. Mas deve ter sido alguma brevíssima paráfrase do original, porque ela própria confessou que não fazia ideia de se existe uma boa tradução para fox paulistinha em inglês. Saiu-se bem, com sua solução ao que eu saiba.

Mas ela nunca usaria a mesma solução para uma texto-para-texto. Meticulosa como é, numa texto-para-texto ela iria pesquisar se havia alguma raça conhecida internacionalmente que fosse equivalente ao nosso fox paulistinha, ou interpolar alguma explicação, enfim, fazer alguma coisa que tornasse a tradução mais precisa e específica. Na simultânea, é pá-pum.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Danilo, essa foi do baú! Realmente nem lembrava mais, mas agora me volta a cena embaçada pelo tempo e me parece que isso foi em um congresso de Neurocirurgia! Alguém merece? Eu nunca tinha ouvido falar em fox paulistinha na vida! E realmente não tenho a mais remota lembrança de qual foi a solução que encontrei na hora! Nem sei se já tinha ido fazer o curso de interpretação que fizemos em Cambridge, mas certamente apliquei o que um professor belga vivia repetindo "silence is not an option".
Raquel Schaitza

Danilo Nogueira disse...

Eu tenho um arquivo infindável de bons causos, Raquel.

A turma fala, eu registro.

Anônimo disse...

OI danilo, saudades de seus comentários lá na comunidade do orkut.
venho aqui ler seus artigos e sempre aprendo e me divirto muito. agora, veja só que interessante, encontro uma pessoa de sobrenome Schaitza. Minha avó chamava-se Theodora Schaitza, e era de Curitiba. Como não conheço ninguém desse lado da família, fiquei curiosa. Será que a Raquel e eu somos parentes? Tomara que a Raquel leia e me responda.
bjs Anita Natividade

Anônimo disse...

Anita! Blog também é genealogia. Meu marido é Schaitza e parece-me que o bisavô dele era Theodoro Schaitza. Tudo a ver, não? Me e-maile (rschaitza@gmail.com) e trocamos mais figurinhas porque eu já soube que o aluguel de espaço para tricotar aqui no blog do Danilo tá mais caro que o metro quadrado na Vieira Souto! Esse cara não dá ponto sem nó! :-)
Raquel Moniz de Aragão Schaitza (vai que ainda descubro mais algum parente pondo o nome completo).

Danilo Nogueira disse...

O aluguel é cinco pinhões por caractere tricotado.