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domingo, 29 de abril de 2007

Não tem uma regra?

– Mas não tem uma regra que não pode usar mais de três advérbios de modo numa frase, que tem que cortar o "-mente" dois dois primeiros?

– Não conheço essa regra. Onde você viu isso?

– Ah, sei lá, dizem. Minha professora dizia. E ela era boa.

Não sei de onde esse pessoal tira tanta regra. Tem regra para tudo. Tem até gente que fala na "gramática oficial do português", que, ao que se imagina, deveria estar no sítio da Academia Brasileira de Letras. Não existe "gramática oficial do português", nunca existiu. Regras oficiais há muito poucas, divididas em dois textos: as "Instruções para a Organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguêsa", publicadas pela ABL aqui e a Nomenclatura Gramatical Brasileira, da qual se pode ler uma edição comentada aqui.

Não estou dizendo, nem de longe, que "tudo seja válido". Acho que o meu próprio modo de redigir prova isso. Mas estou procurando estabelecer uma diferença entre as regras estabelecidas por lei, de cumprimento obrigatório, das criadas por professores, gramáticos, revisores e o que mais seja, que não são de cumprimento exigido por lei. Algumas dessas regras são muito inteligentes; outras, nem tanto. Mas isso é outra conversa.

Amanhã volto ao assunto. Acho que tenho algumas coisas a dizer sobre ele. Se você aparecer, talvez se divirta.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Escolha dois!

Há frases que circulam na web há anos e ficam, de certo modo, fazendo parte do patrimônio cultural de todos nós. Uma é aquela do tradutor que disse ao cliente "posso lhe oferecer preço baixo, entrega rápida e alta qualidade: escolha dois". Faz algum sentido, porque, por exemplo, alta qualidade exige mais tempo do que baixa qualidade e, como exige mais tempo, exige igualmente um preço maior. Por outro lado, um serviço entregue sem revisão leva menos tempo e, portanto, pode ser cobrado a preço menor – mas a qualidade por certo vai sofrer. E assim vamos. Esse tipo de análise é comum na área de negócios e se aplica a qualquer produto ou serviço, não só à tradução.

Entretanto, eu jamais apresentaria essa escolha trilateral ao cliente. Não importa o que o cliente diga, sempre faço o melhor serviço que minha capacidade permite. Há muitos anos, caí na esparrela de aceitar entregar um serviço sem revisão, por um preço menor e prazo mais exíguo. Temos depois, o cliente reclamou da qualidade e não houve o que o convencesse de que um serviço sem revisão para custar menos e chega antes têm necessariamente erros. Ele queria um serviço sem revisão, a preço menor, mas pô!

Perdi o cliente, mas aprendi. Posteriormente, me ligou um e pediu um desconto, para entregar sem revisão e tal. Disse que não prestava esse tipo de serviço. Ele insistiu que queria o meu seviço, porque eu tinha sido recomendado. Bom, se ele queria meu serviço, teria que pagar meu preço. Se ele queria serviço "não tão bom, a um preço mais em conta", há muita gente aí que presta serviço nessas condições. O sujeito fez um daqueles agradecimentos sarcásticos que procuram iniciar uma discussão, mas eu fiz que não entendi. Não pequei o serviço. Tudo bem, pequei outros. Por outro lado, não há outro serviço mal feito com a minha assinatura andando por aí, para me dar fama de careiro e incompetente.

Obrigado pela visita, volte amanhã, que tem mais.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Mais indignação

O pessoal também fica indignado com o que consideram falta de respeito pela profissão. Em verdade, pouca gente sabe que se pode viver de traduzir e os que não sabem incluem um bom número de professores do nosso ensino superior que afirmam ser impossível viver de tradução no Brasil. É impossível para eles, evidentemente, porque eu vivo de tradução e não é de hoje. Mas isso é outra coisa: não vamos nos desviar do assunto, agora. Mas, se um professor em curso superior de tradução afirma que não se pode viver de traduzir, não se pode achar muito estranho que o vendeiro da esquina ou nosso ex-colega de faculdade achem o mesmo.

Mas a história não fica aí. O segundo fator do problema é a própria postura de muitos de nós. Dizer que faz tradução é horrível. Eu não faço traduções, eu sou tradutor. É diferente. Dizer que faz tradução é um afastamento da profissão, que revela um certo pejo. Tem os que são professores de inglês, tem os que dão aula de inglês. Faz uma diferença e os que dão aula também estão se distanciando da profissão. Advogados se dizem advogados, médicos se dizem médicos. Advogados não dizem que estão patrocinando uma causas, médicos não dizem que estão vendo uns pacientes. Certos estão eles.

Dizer que está fazendo tradução é pior ainda, porque adiciona um elemento de trasitoriedade, de quem está fazendo algo agora para fazer algo melhor e mais importante depois. Há variantes piores, o peguei umas traduções que indica desespero de causa, indica o ser tradutor por absoluta falta de opção. Tem o a gente está aí traduzindo que é indizivelmente envergonhado. Dizer alguma coisa do tipo a gente está fazendo uma traduçõezinhas que pegou numa agência é o apogeu de vergonha.

Eu sou tradutor. Repita isso, cem vezes, mil vezes, até se acostumar com o som e ver como é gostoso dizer. Endireite as costas, levante a cabeça e diga sou tradutor (ou, o que é mais provável, sou tradutora), com voz firme. Se não conseguir dizer que é tradutor com orgulho, mude de profissão.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Indignação

Faço parte de uma montanha de listas de discussão e comunidades quejandos. Os assuntos são cíclicos e repetitivos. Quer dizer, vira-e-mexe, volta lá a mesma conversa. Os veteranos reclamam: "já esgotamos o assunto". Não é verdade, esses assuntos jamais se esgotam, mesmo porque nós mudamos e, conosco, nossas opiniões. Por exemplo, eu já fiquei indignado com certas propostas e pedidos que os clientes reais ou potenciais me fazem e, se alguém encontra mensagens minhas antigas, ou ouviu mihas primeiras palestras, vai ver soleníssimos arranca-rabos em que me meti com clientes. Respostas azedas, carregadas de sarcasmo e indignação, do tipo "que você pensa que eu sou?"

Hoje, trabalho de outra forma. Quando me pedem um serviço, ou é do tipo que eu faço (tradução financeira do inglês para o português, por exemplo) ou não. Se não for coisa que eu faça, vou logo dizendo que "não presto esse serviço". Posso, eventualmente, recomendar quem preste. Se eu prestar o serviço, passamos ao binômio preço e prazo. Se entrarmos num acordo, ótimo. Se não entrarmos, não vamos brigar. Não tenho mais paciência para fazer discurso, do tipo "sou um profissional competente e sei dar valor ao meu serviço e tal e coisa". Aliás, aposentei o caixotinho em que subia para deitar falação.

Avisos aos navegantes

  • Algumas pessoas comentaram o artigo de ontem sobre a Mona Baker. Lamento, mas não vou publicar os comentários. Se publicar um que seja, vou ter de publicar todos e a confusão pode ser grande.
  • O Ewandro me escreve perguntando quem é a tal Madame d'Anjou. Coisa de paulistano velho, Ewandro. A resposta está aqui. Deve ter havido coisa semelhantes em muitas outras cidades.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Mona Baker, a ABRATES e eu

Mona Baker é conhecidíssima por suas valiosas contribuições à tradução e, por isso, a ABRATES a convidou para fazer uma apresentação no II Congresso Internacional de Tradução. Poderia ser um motivo de grande e total satisfação para a comunidade ter entre nós alguém cujo trabalho todos nós respeitamos. Entretanto, o convite gerou grandes protestos e eu, particularmente, fiquei muito entristecido com a escolha. Por quê?

Vamos, primeiro, aos fatos, como narrados pela própria Mona Baker, aqui. Para quem não sabe inglês, ou está sem tempo de ler, Mona Baker, em razão a atual situação política que envolve o Estado de Israel e as populações palestinas que residem no seu território, pediu a dois professores israelenses que se demitissem dos cargos que ocupavam na sua editora. Negaram-se a pedir demissão, foram demitidos. Foram demitidos não por suas idéias políticas, que jamais são mencionadas, porém por serem israelenses. Também ela tomou a decisão de boicotar todos os israelenses, independentemente de suas convicções políticas. Até aqui, acho que a própria Mona Baker concordaria com o que eu disse. Pelo menos, no que li com a assinatura dela, nada há que contradiga o que aqui está escrito.

Agora, vamos aos meus comentários. Você pode concordar comigo ou não, esse é seu direito. Mas eu considero meu dever apresentar aqui a minha opinião.

O primeiro ponto é que cabe a ela demitir de sua editora quem quer que ela ache que deve demitir e, evidentemente, cabe aos demitidos o direito de reclamar e a mim o direito de achar que é um absurdo demitir um intelectual exclusivamente pela cor do seu passaporte e boicotar um povo inteiro por razões políticas.

Na longa discussão que se criou na trad-prt, uma colega afirmou que boicotes eram comuns, como mostra o boicote dos EUA contra Cuba. Comuns, sim, mas isso não os torna aceitáveis. O boicote a Cuba, que, além de injusto, é inútil, já que Fidel Castro está lá e não é o tal do boicote que o vai derrubar.

O que estou fazendo eu contra o boicote dos EUA a Cuba? Nada. Mas, se a ABRATES convidasse George W. Bush para falar num Congresso, eu ia dar um estrilo federal, porque me pareceria que isto seria dar apoio ao homem e suas iniciativas. Aliás, se convidasse Fidel Casto, o estrilo seria igual.

Outros colegas alegaram que está sendo convidada a professora Mona Baker, não a ativista política e que não podemos confundir o ativismo político dela, que faz parte de sua vida particular, com sua vida acadêmica, que é pública. Concordo plenamente. Por isso, sempre achei que o mulherenguismo de certos políticos era problema deles e de suas esposas, não um problema político. Mas acontece que Mona Baker fez de seu poderio acadêmico uma arma política ao demitir os dois professores israelenses. Quer dizer, é como acontece quando o político nomeia sua amante para um cargo público. Aí, creio eu, a questão deixa de ser particular para tornar-se pública. E quem tornou a questão pública foi Mona Baker, não eu.

Agregam outros colegas, ela foi convidada para falar sobre tradução, não sobre ativismo político. Mas vejam os assuntos: "Conflito no cenário global: o local narrativo de tradutores e intérpretes" e "Intervenção em conflitos globais: comunidades de tradutores e intérpretes ativistas". Preciso dizer mais alguma coisa? Aliás, demitindo os intelectuais israelenses, a meu ver, Mona Baker perdeu todo o direito de falar academicamente sobre conflitos e como intervir neles. Em vez de melhorar a terrível situação da região, está meramente jogando mais lenha na fogueira.
Prefiro a abordagem de Edward Said e Daniel Barenboim. Os dois são doidos por música, o primeiro é escritor, o segundo é maestro. Said, lamentavelmente já falecido, era palestino, Barenboim é judeu. Formaram uma orquestra sinfônica a West-East Divan Orchestra, com músicos israelenses e palestinos. Esses, sim, estão fazendo alguma coisa pela paz e podem nos ensinar muito. Pena que não sejam tradutores.

Alguns outros colegas acham que estamos prejulgando Mona Baker. Que é perfeitamente possível que ela faça uma palestra totalmente isenta e equilibrada, sem se deixar influenciar por suas idéias políticas. É possível, claro, mas muito pouco provável. Tão pouco provável como esperar de Bush uma palestra isenta sobre Cuba, ou de Fidel Castro apresente uma palestra isenta sobre os Estados Unidos. É mais ou menos como ver um carro vindo na minha direção, ficar quieto e dizer "não devemos prejulgar, o motorista pode perfeitamente decidir se desviar de mim".

Se você teve a paciência de ler até aqui, já sabe quanto eu lamento a atitude da ABRATES. Tanta gente boa para convidar e foram convidar logo Mona Baker. Não iria ao Congresso de modo algum, por motivos particulares que não vou discutir aqui. Mas, se fosse, acharia muito constrangedor dar meu dinheiro para ajudar a pagar uma visita de Mona Baker ao Brasil. Preferia comprar entradas para um concerto da West-East Divan Orchestra. Acho que eles têm muito mais a me ensinar sobre como agir em situações em conflito do que Mona Baker.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

ABRATES

A colega Sheyla Carvalho, Presidente da ABRATES, perguntou na trad-prt em que site eu tinha "falado mal" da ABRATES, para poder responder. A diferença entre "criticar" e "falar mal" é sutil e eu diria que meramente exerci meu direito de crítica. Minhas críticas, sempre as mesmas, são antigas e as que se encontram aqui . Já foram publicadas na lista trad-prt há mais de um ano. Com grande prazer publico aqui a resposta que quiserem dar. Na trad-prt, não tenho influência alguma e cada um escreve o que bem entende.

A Diretoria da ABRATES não tem a mais remota obrigação de ler este blog, mas deveria acompanhar o que se diz nas listas de discussão e no Orkut. É aí que se encontram os tradutores, centenas deles. A Internet é a verdadeira "porta de fábrica" de nossa categoria atualmente. Fica o conselho. Velho gosta muito de dar conselho.

Aliás, clique aqui e você vai chegar a uma página criada pela ABRATES para informar sobre Congresso. Sendo uma associação de tradutores, não ficaria mais bonito dizer "envio de trabalhos" em vez de "envio de papers"? Gol contra.

Mas não é nem a Mona Baker nem os "papers" que vão me impedir de ir ao Congresso: não vou poder ir de modo algum, por razões particulares, independentemente de qualquer coisa que a ABRATES possa fazer ou deixar de fazer. Estou dizendo isto aqui para que não venha ninguém dizer que o que eu quero é confetti.

Avisos aos navegantes

  1. Por favor, não me enviem seus currículos. Não tenho agência e jamais repasso serviço.

  2. Na lista trad-prt está saindo uma discussão braba a respeito do convite feito à Mona Baker para falar no Congresso da Abrates e eu prometi a mim mesmo que ia postar aqui uma nota bem fundamentada sobre o assunto. A promessa está de pé, mas não é hoje que vou ter condições de escrever sobre a questão. Estou exausto e a questão, por tão delicada, exige um cuidado que não poderia ter hoje.

sábado, 21 de abril de 2007

O "Departamento Feminino"

Num artigo anterior falei da ABRATES e alguém achou uma ponta de ironia no que eu disse. Nas observações sobre a ABRATES não há nada de irônico. Havia uma ABRATES, virou SINTRA, cindiu-se de novo em ABRATES e SINTRA e eu jamais soube a razão. Só quis evitar a confusão entre a ABRATES de hoje (da qual sou associado e de cujas atividades participei quando viável) da ABRATES de antigamente da qual foi "vice-diretor da Seção Paulista", o que quer que isso seja.

A ironia estava na história de comparar a tal Seção Paulista com o Departamento Feminino dos grêmios estudantis. Permitam que eu explique, com um pouco mais de pormenores. A ABRATES (e o SINTRA) têm suas sedes no Rio de Janeiro, situação que, a meu ver, é perfeitamente correta e não deve ser alterada. Mas querem term uma Seção Paulista. Para mim, isso é como o "Departamento Feminino". Para ilustrar, vou contar uma historinha, boa, mas provavelmente apócrifa.

Numa faculdade, estavam organizando uma chapa para a diretoria do Centro Acadêmico. Escolheram presidente, vice, secretário, tesoureiro, enfim, o de hábito. Depois, escolheram uma colega para Diretora do Departamento Feminino. Foram convidá-la e ela se desfez em agradecimentos pela honra, para gáudio dos colegas. Mas, logo depois, fazendo carinha de inocente, perguntou quem ia ser o Diretor do Departamento Masculino. Não havia Departamento Masculino, claro. Nenhum grêmio estudantil tem isso. Então, a moça explicou que Departamento Feminino sem Departamento Masculino é discriminação e, polida mas firmemente, recusou o convite.

Na minha opinião, da mesma forma criar uma Seção Paulista sem criar uma Seção Carioca é discriminação idêntica.

Por hoje, é só. Amanhã tem mais.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Madame d'Anjou responde: despedefação, para Dirceu

Dirceu, é perfeitamente possível transformar um arquivo pdf em arquivo Word. Pode dar algum trabalho, mas é possível e eu faço isso freqüentemente. Um dos possíveis nomes para o processo é "digitalização". Outro é "reconhecimento ótico de caracteres". Brincalhonamente, a gente fala em "ocerragem" e "despedefação". Esses processos dispensam inteiramente o uso do scanner.

Aqui tem uma porção de coisas sobre pdf, inclusive a resposta detalhada para sua pergunta.

Dvirta-se.

Um serviço que não peguei

Escreve a secretária de um cliente não muito freqüente, em anexo, vêm três pdfs do tipo imagem. Se você não sabe o que é um pdf imagem,, veja aqui.

A mensagem pedia, com urgência, um orçamento para a tradução dos textos anexados, "em forma de resumo". "Em forma de resumo" fez piscar a luzinha vermelha. Em bom português, isso significa "sabemos que é um texto longo e que, por isso, vai custar caro; como não queremos pagar muito, queremos um texto curto, resumidinho, assim sai baratinho".

Bom, o fato é que sou tradutor, t-r-a-d-u-t-o-r, entende? Presto serviços de tradução. T-r-a-d-u-ç-ã-o. Resumo é com outra pessoa. Não sei com quem. Mas não é comigo. Não faço resumo. Não faço resumo porque sou tradutor. Podia fazer resumo? Talvez. Mas minha dermatologista pode fazer café e eu não iria ao consultório dela pedir para ela me fazer um café. Capito?

Depois, digamos que eu aceitasse o serviço. Tinha que gastar tempo resumindo e, evidentemente, apresentar para o cliente três folhinhas, com o resumo, bonitinho. Mas, para fazer essas três folhinhas, ia gastar muito mais tempo do que para traduzir o mesmo tanto de texto. E, por isso, ia ter que cobrar bem mais que por uma tradução, certo? Mas o cliente diz "nossa, três folhinhas, tudo isso?" E ainda corro o risco de que ele diga "mas, Danilo, você cortou exatamente a parte mais importante, a que o professor disse que era crucial!"

Então, eu não faço resumo e pronto. Tem quem faça, claro. Mas não sou eu e, a meu ver, é esse o ponto essencial. Livre arbítrio. Quer resumir? Resume! Mas eu não resumo e acabou a história.

Avisei a secretária que resumo eu não fazia e ela me pediu uma cotação para a tradução integral.

Para quantificar o trabalho, precisei digitalizar o texto, claro, porque estava em imagem. Felizmente, não foi necessário arrumar nada: digitaliza, abre no MSWord, vê quantas palavras são, calcula preço, informa cliente e pronto. Deu cerca de R$ 5.000.


A resposta veio no dia seguinte. "A pessoa achou muito, era para a esposa dele". Deu vontade de dizer "Que esposa esse cara tem que não vale cinco mil reais?", mas achei melhor ficar quieto. Na verdade, o "para a esposa dele" significa, como praticamente tudo o que diz o cliente "queremos um desconto". Talvez nem fosse para a esposa, sei lá. Cliente diz qualquer coisa para conseguir desconto. Não dei desconto coisa nenhuma, diabos! Vou agora dar desconto para mulher dos outros. Capaz!, como diz o gaúcho.

Não morri de fome por causa disso. Logo em seguida, veio outro serviço, de outro cliente, e estou trabalhando do mesmo jeito. A madame lá que queria que eu fizesse um resuminho para ela botar no trabalho dela e ganhar nota às minhas custas teve de ir cantar em outra freguesia.

Desculpe, para usar uma expressão de velho, acordei meio cabreiro hoje. Volte amanhã que vou estar de melhor humor. Chega por hoje.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Madame d'Anjou responde: uma editora para suplementar

Ontem me escreveu a Sylvia. Resumindo um pouco, ela tem licenciatura em letras, aparentemente domina o inglês, tem experiência como tradutora e intérprete e gostaria de adicionar algumas editoras à sua carteira de clientes.

Primeiro, Sylvia, gostaria de recomendar que, na caixinha "pesquisar blog", no alto da página, você digitasse "editoras", para ver tudo o que já escrevi sobre isso e que não teria como repetir agora: são páginas e mais páginas de informações. Depois, faça o mesmo com"iniciantes" e divirta-se.

Trabalhar para editoras já foi um bom "adicional" ou "bico", como se diz coloquialmente. Você tinha um "emprego" o dia todo e, de noite ou nas horas vagas, traduzia livros. Esses casos hoje são muito raros. Os prazos das editoras geralmente exigem que você dedique seu tempo todo á tradução.

Não traduzo livros há mais de trinta anos e perdi todos os contatos que tinha em editoras. Entretanto, de discussões que tenho lido nas listas e comunidades de tradutores, parece que a tendência das editoras, atualmente, é procurar tradutores entre os conhecidos de seus tradutores atuais. Esse processo é o que se chama "QI" ou "propaganda boca-a-boca", conforme o lado da cerca em que você está.

Acredito piamente que qualquer pessoa que queira se estabelecer no mercado deva começar por inscrever-se nas listas e comunidades de tradutores das quais há uma lista aqui do lado direito da página. Por incrível que possa parecer, toda a minha clientela atual vem da participação nesses grupos. Mas, por favor, não cometa o erro de se inscrever e, imediatamente, mandar uma mensagem pedindo serviço. Não se pede serviço. É um grande modo de alienar os colegas. Participe, ativamente, pergunte, responda, ajude. Apareça você, que o serviço também aparece.

Não venha reclamar comigo: para mim também não foi fácil e, aliás, ainda não é. Acho que amanhã vou escrever sobre como comecei.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Você conhece o WordWeb? Uso há tempos e acho muito útil. Tem gente que não acha, mas isso faz parte da vida. O WordWeb é um dicionário inglês-inglês, que você baixa e instala na sua máquina.

Longe de ser completo, longe de bater o OED, mas tem, digamos, um bocado mais que o trivial variado. Quer dizer, mata quase todas as charadas do dia a dia. E é rápido, muito rápido. Tem uma tecla de acesso rápido que a gente configura como quer e, se você selecioanar uma palavra e der na tecla de atalho, o WordWeb salta na sua frente com a definição, com uma série de sinônimos e outras palavras de algum modo ligadas ao que você procurou e mais umas indicações sobre outras palavras a procurar.

Outras abas permitem abrir a Wikipedia, Wikitionary, WordWeb Online, WorddReference, ptWikipedia, ptWikitionary e – ainda por cima, vários outros dicionários que você tenha instalados no seu computador, caso ainda tiver alguma dúvida. Quer dizer funciona, também, como uma espécie de "central de informações lexicográficas" para o seu computador.

Estou falando da versão grátis: é baixar e instalar. A versão paga tem bem mais coisinhas.

Espero que você goste da sugestão.

Até amanhã. Obrigado pela visita.

terça-feira, 17 de abril de 2007

História antiga

Há muitos anos, lá pela década de 1970, a ABRATES, que não era a ABRATES de agora, o que não vamos discutir no momento, tinha uma "seção paulista". A "seção paulista" era como o "departamento feminino" dos grêmios estudantis, mas isso é coisa de que falo outra hora. Acontece que eu era o "vice-diretor" da tal seção e, um dia, estava presidindo uma assembléia. Presente a meia dúzia de gatos-pingados habitual. Comigo, sete, digamos.

Uma das associadas era do tipo que faz discurso inflamado. Sempre tem um em qualquer reunião. Os mais legítimos interesses desta laboriosa categoria, explorada pelos clientes.... sabe como é. Pediu a palavra e derramou o candente verbo contra tudo e contra todos. Ser contra é uma atitude muito popular em assembléias, inclusive nas de tradutores. Ser contra quem dirige a entidade, embora possa ser perigoso em alguns ambientes, é ainda mais popular. A diretoria, isso é consabido, não faz nada. Abandona a classe. Não sei por que quiseram ser diretores. E por aí vai. Lá pelas tantas, falou da abençoada regulamentação da profissão, que, para ela, era a perfeita panecéia.

Sabe aquela história que aparece nos desenhos animados, o diabinho de um lado e o anjinho do outro? Naquele dia, venceu o diabinho e eu, cansado da flamejante logorréia da moça, resolvi colocar em votação a proposta de, ali, prepararmos um documento, a "Carta de São Paulo", com os parâmetros de ação para alcançarmos a tão almejada regulamentação, para envio à sede, no Rio de Janeiro. A idéia foi achada maravilhosa e aprovada na hora. Finalmente, íamos agir! A moça, rutilante de satisfação, dominava a assembléia com a cara triunfante de quem tinha descoberto a pólvora.

Começada a redação, não se conseguiu chegar a uma conclusão nem sobre o artigo primeiro da tal "Carta". Das sete pessoas que havia na sala, quase saem oito mortas. A briga, evidentemente, começou entre uma associada que tinha diploma de tradutor e um que não tinha. Ensanduichada entre ambos, uma que tinha licenciatura em letras e era considerada bicona pelos dois. Foi muito divertido, embora um pouco assustador. Depois de meia hora de animado bate-boca, decidiu-se marcar uma nova reunião e os participantes se comprometeram a remeter a mim suas sugestões por escrito, de modo a permitir a formulação de uma proposta discutível em reunião e ficou por isso mesmo.

Até agora, estou esperando as sugestões. Da moça que tinha recebido o espírito de Demóstenes, nunca mais ouvi falar. Acho que mudou de profissão.

Até amanhã.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Especialização

Outra questão levantada, esta geralmente por estudantes, é em que área se especializar. A turminha fica muito tensa de saber que há diversas especialidades, que não se pode ser especialista em tudo, pelo menos nos mercados maiores e fica feito barata tonta.

Calma. Não se decidem especializações na faculdade. Principalmente no segundo ano. É o mercado e o tempo que especializam o tradutor. Aparece uma oportunidade, você agarra com as duas mãos (e com a boca, também) e, se você se se sair razoavelmente, vem outra do mesmo tipo e mais outra até que você vira especialista.

Formação ajuda, claro. Se você fez um curso de legendagem, a chance de se dar bem em um serviço de legendagem é alta. Se você antes de ser tradutora trabalhava numa metalúrgica, a chance de se dar bem em uma tradução sobre metalúrgica é alta. Se você passou sua adolescência em uma oficina, ajudando seu pai a consertar carro, a chance de se dar bem em uma tradução de mecânica é alta.

Entretanto, eu jamais tinha traduzido uma palavra sobre contabilidade até o dia em que me deram um capítulo de um livro chamado "Intermediate Accounting" para traduzir. E aí nasceu o especialista. Quer dizer, é necessário estar preparado para dançar conforme a música.

Que língua aprender?

De vez em quando, alguém pergunta que língua deve aprender. Às vezes, alguém muito jóvem, ainda no curso médio. Outras vezes, alguém que já sabe bem uma língua estrangeira e quer aprender outra.

Essa questão tem dois lados. Primeiro, que o mercado é dominado pelo inglês, seguido, meio que de longe, pelo espanhol. Francês, italiano, alemão, vêm mais longe ainda e os outros muito mais longe. Desde que me conheço por gente estão dizendo que o reino do inglês está no fim, mas não parece ser muito verdadeira a afirmação. O mercado de inglês só faz crescer à custa dos outros. Muita gente que traduzia alemão quase que exclusivamente, hoje traduz mais inglês que alemão. É, entre outras coisas, o efeito Tostines: como falta serviço, faltam tradutores, como faltam tradutores, já mandam tudo em inglês, para ter certeza de que haverá quem traduza. Essa é a situação em todo o mundo, não só no Brasil. A elite de tradutores de e para russo da antiga República Democrática Alemã (conhecida como "Alemanha Oriental") está sem serviço, a despeito do fato de que, com a idade, muitos já se aposentaram.

O mercado se restringe, então, quase que totalmente, a essas cinco línguas. E as outras? São mercados chamados "de nicho". Se você conseguir um emprego de tradutor de búlgaro, ótimo, divirta-se. Mas se perder o emprego, vai ser difícil conseguir outro.

Bom, mas fica a pergunta: que línguas aprender? A decisão tem que pesar o que ficou dito acima, mas também os próprios desejos e talentos de cada um. Quer dizer, se você acha inglês uma língua horrorosa, literatura inglesa uma droga, os povos de língua inglesa uns chatos, foi aos EUA e voltou do aeroporto, mas, por outro lado, adora a Itália e tudo o que é italiano, a despeito do mercado mais fraco para o italiano, é a língua que você deve estudar. Quem trabalha com as línguas de que gosta tem maior probabiliade de sucesso e, certamente, será mais feliz na vida.

Por fim, é bom lembrar que é muito difícil atingir a competência necessária para ser um bom tradutor em mais de duas línguas estrangeiras. Muita gente diz que consegue; a maioria dessas pessoas o único que consegue é ser incompetente em diversas línguas.

Há algum tempo, me contaram de uma pessoa que também traduzia de e para não sei quantas línguas e quem me contou disse "o português dela é meio fraco, mas é perfeita nas outras línguas". O fato é que quem me contou a história só sabia bem português e não conhecia as outras línguas o suficiente para saber se a pessoa era competente nelas. Provavelmente, não era competente em nenhuma, mas meu amigo nem percebeu.

Obrigado pela visita e volte amanhã, que tem mais.

domingo, 15 de abril de 2007

Sua Majjjjjjjjjjjjjestade o Intéprete

Ontem como você talvez saiba, foi o dia dos meus vexames: não só o problema com a "Sala 7" como também o "Magestade" aqui no blog, que me deixou mais vermelho que um pele-vermelha comunista queimado de sol. Mas, de noite, voltei ao livro do Ewandro, que fala dos erros dos intépretes e de como errar é normal. Com isso, me senti um pouco melhor.

Bom dizer que ele tem o bom gosto de não ficar fazendo aquelas listas de erros hilários cometidos pelos colegas, algo que, em si, já constitui recomendação do livro. Mas dá uma boa e merecida cacetada no que ele chama de "Alberto Roberto", o tipo de profissional que se acha a obra mais acabada de Deus.

A conversinha mole de mineiro, de que eu falei ontem, muda de tom na página 156. Aí, para usar uma expressão já antiquada, o homem vira bicho: começa a falar das entidades profissionais que congregam os intérpretes e bate duro, muito duro. Não cabe a mim, que nem intéprete sou, tomar partido na discussão. Entretanto, se você se interessa por simultânea como opção profissional, a leitura do capítulo Liberdade é escravidão, uma alusão ao 1984 de George Orwell, é essencial. Como também é essencial inscrever-se na lista trad-sim, para acompanhar a tempestuosa discussão que se desenrolou ao menos nos primeiros meses de vida do grupo e que ainda está nos arquivos. Você pode inclusive não concordar com as idéias do Ewandro – e há muita gente que não concorda – mas acho que ajudam a colocar a situação profissional em uma perspectiva mais nítida, se é que "perspectiva nítida" é coisa que se diga.

O livro vai terminando de mansinho e tem os apêndices de estilo numa obra desse tipo, com utilidade para os que vão se dedicar à profissão e a garantia de terem sido escritos por quem conhece todos os cantinhos da cabine.

Quando acabou, fiquei com pena. Estava bom de ler.

Por hoje é só. Amanhã estou aqui de volta. Espero que você também.

As cinco habilidades (final)

Resumindo nossos capítulos anteriores, as quatro primeiras habilidades são

1. Ter comando passivo da língua de partida;

2. Ter comando ativo da língua de chegada;

3. Entender o assunto (o que não significa que para traduzir medicina seja necessário ser médico, por exemplo);

4. Dominar técnicas de tradução;

e, da quinta, falamos agora: o conhecimento de informática. Extraordinário como tanta gente competente e com potencial despreza a informática. A maioria de nós já tem computador, acesso a Internet e e-mail. Mas a maioria subutiliza suas máquinas. Quantas vezes ouço "tenho computador, mas uso como máquina de escrever" – até com uma ponta de orgulho. Alguns, muito relutantemente, estão entrando nas memórias de tradução, das quais aprenderam o mínimo necessário para levar um projetinho de Word até o fim. Mas a maioria fica por aí – e ainda se queixa de que não tem serviço.

Vejo com surpresa que muita gente não sabe sequer fazer busca avançada no Google nem tem um programa de busca no HD (meu preferido é o Copernic Desktop Search). Muitos têm computadores caindo aos pedaços e se reacusam a investir um tostão em máquina ou programas, sob a alegação de que não ganham o suficiente.

Para encerrar esta novelinha, vou contar duas breves histórias.

Primeira: quando comecei, tinha uma máquina de escrever mecânica, semiportátil. Logo meti na cabeça que precisava de uma elétrica. Comprei uma Remington, elétrica. Todos os veteranos da época me disseram que era dinheiro jogado fora, porque tradução pagava pouco. O negócio era usar uma máquina antiga, de segunda mão, barata. Fui em frente e o aumento na minha produtividade, para não dizer no meu conforto, pagou a máquina num instante.

Segunda: o mês passado ligou uma agência suíça me oferecendo um filé. Tudo uma beleza: bem na minha área, coisa repetitiva, doce de coco. Sabem qual foi a primeira pergunta que me fizeram? "Você sabe traduzir XML usando TagEditor?" Se eu dissesse "uh?", a conversa terminava ali mesmo.

Mais tarde conto o resto do livro do Ewandro. sobre simultânea. Tem umas coisas muito suculentas.

sábado, 14 de abril de 2007

Vejame II

Hoje, decididamente, é meu dia de vexame. O "Magestada" aí em baixo estava horrível.

Credo!

Vexame!

Ainda bem que vexame não paga imposto. Se pagasse, eu estava perdido. Simplesmente, meu computador se negou a trabalhar com Aulavox e a palestra foi adiada. Por quê? Não sei. Só vou saber durante a semana, quando, juntamente com Homem que Entende de Computador e o pessoal Aulavox, vou fazer testes até resolver o problema. Particulamente, já fiz o que podia fazer e até, provavelmente, algumas coisas que não devia.

Desculpem e, por favor, aguardem notícias.

Sua Majestade o Intérprete

Recebi ontem, abri, li um parágrafo. Veio completo, com dedicatória e tudo.

Dia pesado, corrido. No fim da noite, Vera e eu exaustos. Combinamos: uma hora de leitura e vamos para a cama. Gastei quinze minutos lendo algumas coisas que tinha de ler e, em seguida, abri o livro. Passada a "hora" (da qual 45 minutos tinham sido para o livro), a Vera disse "chega, agora, cama". Fomos dormir. Mas foi uma pena, porque o livrinho é fascinante e de bom grado continuaria a leitura, a despeito do cansaço.

O Ewandro escreve bem, a escrita dele é leve. É difícil escrever daquele jeito. É mais fácil escrever comprido e confuso, com narizes de cera e todas as outras emperiquitações e emperiquitamentos de estilo. Mas a escrita dele flui gostoso e passa de um assunto para outro com uma facilidade única. Deve ter trabalhado o texto com extremo cuidado.

Não se trata de um livro teórico. Trata-se daquela conversinha de mineiro (minha nora também é mineira, sei como é) que vai envolvendo a gente aos poucos. Mesmo quando faz observações profundas, como no capítulo "Um corpo que cai", ele vai tranquilo, sem procurar exibir sua vasta sabença com termos que só o Antonio Houaiss conhece ou construções abstrusas e serpentinas que impressionam mais do que ensinam. Quem sabe, quem tem o que dizer, pode simplesmente se dar ao luxo de dar o recado com simplicidade.

O livro trada de interpretação simultânea, como já indica o nome, "Sua Majestade, o Intérprete". Não é uma daquelas coisas do tipo "como se tornar um intérprete de sucesso em uma semana", o Ewandro é honesto demais para fazer uma coisa dessas. Entretanto, tem uma quantidade enorme de comentários que fazem pensar e, caso acabe se dedicando á simultânea, comentários que vão ajudar a você se tornar um profissional mais capaz.

Altamente recomendável para estudantes, principalmente porque fala das realidades da profissão do ponto de vista de um sujeito que passou seis mil horas dentro de uma cabine de simultânea, quer dizer, de alguém que conhece a realidade da profissão, não de alguém que passou a vida num gabinete em lucubrações metafísicas.

Agora, hoje de noite, termino o livro. É breve, coisa de 250 páginas, em formato de bolso.

O nome completo? Ewandro Magalhães Jr., "Sua Majestade, o Intérprete" Parábola SP Brasil ISBN 978-85-88456-59-4.

Boa leitura para todos, obrigado pela visita e volte amanhã.

Testes (conclusão)

Chato e desnecessário, concordo, mas não significa que queiram montar um livro à custa de testes. Muitas vezes, é possível negociar um teste menor. Mas sem acusações, por favor. Minha experiência de mais de dez anos com listas de discussão de tradutores me diz que a turma, em geral, é rápida demais para dizer que está sendo vítima de algum tipo de esbulho. Uma editora tem mil razões para mandar um capítulo de um livro como teste e maioria delas não é "ludibriar o tradutor".

Com as agências, a situação é um pouco diferente. Bem diferente, aliás. Você manda o currículo, eles te mandam um teste. Pode ser um teste padrão. Pode ser um trecho de um serviço já feito há tempos. Pode ser alguma coisa que eles estão orçando no momento. Pode ser até alguma coisa que tiraram da Internet e nem pensam em traduzir.

Muitas vezes, o teste nem é examinado na hora em que chega: não tem ninguém disponível para uma avaliação. Um dia qualquer, a agência está apertada com excesso de trabalho, precisando de mais gente para um projeto enorme que saiu do nada, então, abrem a pasta dos testes e vão procurar quem possa participar. Encontram o teu, e, se gostarem, vão telefonar apavorados, rezando para você poder aceitar. É assim que funciona.

Claro, se você achar que o teste é absurdo, pode se negar a fazer. Ou, melhor ainda, simplesmente não faça e não comente mais nada. Escrever para a agência, dizendo "umas verdades", pode ser muito divertido e, se você puser a mensagem numa lista de discussão, até pode encher o teu ego de satisfação com o apoio dos colegas. Mas não resolve nada.

Mas, diria eu, se tiver tempo, faça o teste. Raciocine comigo: se você fizer o teste, existe uma remota possibilidade de aproveitarem o seu trabalho sem pagar; entretanto, se você não fizer o teste, pode ter a certeza de que jamais vai receber serviço desse cliente.

Se for um capítulo de livro, uma das precauções que você pode tomar é imprimir o teste e mandar duas vias para você próprio, em dois envelopes separados, ambos registrados. Quando receber, guarde os dois envelopes selados em lugar seguro. Se um dia o livro sair e vier com sua tradução, leve um dos envelopes ao seu advogado, mantendo o outro fechado e em lugar seguro. Conta a história para seu advogado e divirta-se.

Duas coisas: primeira, não vá ter a descortesia de dizer à editora que você fez isso, por segurança; segunda, a chance de alguma editora usar esse sistema é baixíssima. Sei, já aconteceu e tal.

Agora, chega de teste. Vamos mudar de assunto. Se você gostou deste blog, volte amanhã e divulgue para seus amigos. Se não gostou, me escreva sentando o pau e recomende à sua sogra.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Você faz testes?

Você faz testes?

Conheço gente que nunca faz. Acham humilhante. Uns, porque têm experiência, outros porque têm diploma. Outros porque, mesmo não tendo nem diploma nem experiência, se acham os reis da cocada preta.

Particularmente, acho teste de tradução uma bobagem. Um sujeito se candidata a tradutor, o cliente manda um teste, o carinha nunca fez uma tradução na vida, pede para um amigo fazer e entrega uma jóia de teste. O cliente fica todo satisfeito, manda uma tradução de verdade, o carinha não está a fim de fazer e entrega a uma outra pessoa qualquer que esteja sem nada que fazer no momento. Quer dizer, se você é comprador de traduções, não pode se fiar em testes. Parafraseando o Roosevelt, o preço da qualidade é a eterna vigilância.

Mas se você é ou pretende ser tradutor, mais dia menos dia vão te pedir um teste. Fala-se muito em agências e editoras que dividem grandes trabalhos por diversos candidatos a tradutor e depois juntam tudo, para obter uma tradução grátis. Esses casos são raríssimos.

O problema, creio eu, está em que os tradutores têm uma idéia do que constitua um "teste razoável" e, quando o teste solicitado excede o limite do considerado aceitável, instala-se a revolta contra a exploração do tradutor, quando não contra a fraude. Não é bem assim. A grande maioria dos clientes não tem a mais remota idéia de como testar um tradutor mas acha que contratar alguém sem teste é doideira. Então, aplicam um teste. Como aquela história apócrifa da mulher que deu Sal de Fruta Eno para o filho que caiu e quebrou a perna. Nem a Glaxo, produtora do medicamento, recomendaria Eno para fraturas, mas a mãe precisava dar algum remédio para o filho, deu o remédio e ficou satisfeita.

Então, muitos clientes simplesmente mandam como testo qualquer coisa que tenham à mão, sem pensar muito. É comum mandarem o mesmo texto para vários candidatos – o que sempre é prova de que não vão fazer uso comercial do teste. Mas também é comum simplesmente mandarem o que está na frente do encarregado no momento. Há, sim, testes bem planejados, mas o melhor dos meus clientes tem teste que considero idiota. Alguns testes são longos demais. Editoras têm o hábito de mandar um capítulo de livro, o que pode ser trabalho para uma semana.

Mas o resto da conversa fica para amanhã. Por hoje, é só. Obrigado pela visita, volte amanhã.

Já que está aqui, dê uma olhada nos eventos Aulavox para tradutores.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Madame d'Anjou Responde: Trados versus Wordfast

Vira e mexe alguém me pergunta por que acho Wordfast melhor que Trados, quando Trados é padrão do mercado. E, em seguida, me pergunta por que, não gostando de Trados, dou treinamento para o uso do programa.

Há um tanto de subjetivo em tudo isso. Mas vejo no WF várias vantagens, até vantagens demais para um artigo de blog. A menor delas, a meu ver, é o preço: WF custa muito mais barato. Entretanto, se os preços forssem iguais, ainda me pareceria a melhor escolha.

A primeira grande vantagem que vejo é uso melhor da tela: tudo o que tem de aparecer aparece no Word for Windows, enquanto que o Trados precisa de painéis separados para o Word e para o Workbench, além de um outro para o "concordance search". Além disso, os comandos de Wordfast exigem menors movimentos de mão que os homólogos do Trados. No meu teclado, o Alt SetaAbaixo do Wordfast fica 11 centrímetros mais perto do teclado principal que o Alt+ do Trados. Onze que vão, onze que voltam, são vinte e dois e, no fim do dia, o esqueleto agradece.

Tem os glossários. O WF permite usar três glossários ao mesmo tempo com configurações diferentes e é muito fácil trabalhar com eles, até por serem simples arquivos txt. Também tem uma "lista negra", de palavras que não se devem usar. Também tem um controle de qualidadade que dá o alarma quando você usou um termo que não está no glossário.

Tem, também, a Pandora's Box que permite configurar o WF de centenas de maneiras diferentes, para se ajustar melhor ao tipo de serviço que você está fazendo. Se tudo o mais fosse absolutamente igual, a Pandora's Box, por si só, já faria uma diferença única.

Na verdade, por essas e por outras, só uso Trados quando me mandam memórias protegidas por senha. Para quem recebe arquivos TTX é também importante, embora, particularmente, eu faça em DVX.

Mas quando tem memória protegida por senha, não tem jeito. Por que, então, dou treinamento em Trados? Essa foi uma reclamação que ouvi, há tempos. Curioso, não vejo comflito ético algum. Sei usar ambos os programas, afirmo que prefiro Wordfast, mas dou a qualquer um o direito de querer aprender Trados e até ensino.

Ah, antes que me esqueça: não vendo nenhum dos dois programas nem ganho comissão nas vendas.

Até mais tarde e não se esqueça da Reunião na sala 7.

domingo, 8 de abril de 2007

As cinco habilidades do tradutor (continuação)

Essas pessoas que conheciam as duas línguas e a área (o engenheiro que estudou nos Estados Unidos, por exemplo) muitas vezes tinham uma deficiência extraordinária: não sabiam traduzir. Muita gente não se tinha dado conta – e muita gente ainda hoje não se dá – que traduzir bem exige muito mais que conhecer duas línguas e um assunto.

Por isso, por exemplo, é tão comum entregar serviços de tradução a escritores (alguns deles muito malsucedidos, é verdade, mas isso é outro problema), imaginando que "o melhor tradutor é o bom escritor". Nem sempre. O melhor tradutor é o que faz a melhor tradução e nem sempre quem faz a melhor tradução é o escritor, poeta, redator ou o que seja. Da mesma forma que nem sempre o melhor motorista é o melhor mecânico, da mesma forma que o afinador de pianos nem sempre sabe tocar Parabéns a você. Tradução é tradução, outra coisa.

A confusão é tão arraigada, que é muito difícil distinguir muitos livros de tradução de obras sobre literatura. O mais antigo livro que eu tenho e que fala de tradução como tradução, não como filial das "belles lettres" é "Stylistique comparée du français e de l'anglais", o famoso Vinay e d'Arbelnet, de meados do século passado, que fala de técnicas de tradução, técnicas que se aplicam a qualquer tipo de tradução, seja literária, técnica, publicitária ou o que mais seja. Curioso que, a despeito de o livro ser um clássico, ainda hoje o mundo está cheio de gente que não se dá conta de que a quarta habilidade do tradutor é justamente dominar técnicas de tradução e há muita gente traduzindo por aí que simplesmente ignora o fato, gente que traduz empiricamente, dizendo "porque fica melhor assim", sem ter formalizado essas coisas.

O que mais me surpreende, entretanto, é a quantidade de gente que se envolve em altas discussões teróricas sobre tradução, sem ter se dado ao trabalho de aprender essas coisinhas, que, acho eu, são fundamentais.

A ver se, amanhã, consigo falar da quinta habilidade, encerrando esta novela. Por hoje, é só. Obrigado pela paciência e não esqueça da Reunião na sala 7:

Grátis, como sempre.

Madame d'Anjou responde: espanhol e italiano na faculdade

Escreve um jovem futuro colega, com uma boa dúvida. Está à beira da faculdade, aprendeu inglês em cursos livres. Não diz que aprendeu português, mas, pela qualidade de sua mensagem, vê-se que aprendeu, também, o que é uma grande realização: escreve clara e corretamente, um escrever simples e maduro que dá gosto ler.

O problema é que ele agora quer fazer curso no IBILCE, em São José do Rio Preto e, lá, há que trabalhar com duas línguas. Embora nosso futuro colega saiba algo de espanhol e francês, está consciente de que não é o suficiente para fazer traduções. Pergunta se deve fazer cursos de italiano ou espanhol antes de ingressar na faculdade.

O fato é que não sei. O IBILCE é diferente das outras escolas, não só por exigir duas habilitações, mas também porque, ao que eu saiba, é um curso em tempo integral. De qualquer maneira, embora lamente não poder ajudar muito o futuro colega, posso dizer uma que outra coisa útil.

Primeiro, que o nível dos cursos de língua varia enormemente entre uma faculdade e outra e, antes de se candidatar a uma vaga em uma delas, é boa coisa investigar, ou perguntando a quem já estuda lá, ou à própria faculdade, qual é o nível das aulas de línguas. Nada pior que você passar quatro anos estudando inglês que você já sabe, com gente que sabe menos que você – ou se matando para acompanhar uma turma muito mais adiantada.

Quando se trata de "outras línguas", provavelmente o nível é de iniciante, porque atualmente na realidade é só inglês que se ensina nas nossas escolas. Quer dizer, a chance de alguém esperar que você entre na faculdade sabedo francês, espanhol ou italiano suficiente para traduzir qualquer coisa que seja é muito pequena. Provavelmente, espanhol e italiano no IBILCE começam do zero. Mas, repito, é bom investigar com quem já está lá ou com a própria faculdade. No Orkut, ou aqui ou nas comunidades do próprio IBILCE, não vai faltar quem saiba e queira ajudar.

Agora, tenha certeza de uma coisa: não importa quanto você aprenda de qualquer língua que seja na faculdade, na primeira vez que fizer uma tradução profissional vai topar com alguma coisa de que nunca ouviu falar. Isso deve ser motivo de grande satisfação para qualquer um. Deve ser o fim do mundo sair da faculdade, lá pelos vinte e poucos anos, e passar o resto da vida sem aprender nada.

sábado, 7 de abril de 2007

Aos que gentilmente

me escreveram perguntando se eu estava com problemas de saúde, informo que só tive uma crise de excesso de trabalho., causada por uma reunião da ATA, à qual foram dúzias de tradutores, deixando poucos de plantão, agravada pelo e-talk da SBS, com comentários para responder e, finalmente, por um problema com o blogger.

Estou mais ou menos meio morto, mas ainda do lado de cá do Estige.

Obrigado pela atenção.

As cinco habilidades (continuação)

A primeira parte desta novelinha está aqui. O assunto ficou abandonado, como tantas outras novelinhas ficaram durante algum tempo, mas é importante é quero completar a conversa.

A terceira habilidade é conhecimento do assunto. Há algum tempo, uma tradutora amiga, num momento em que lhe faltou algo mais interessante para traduzir, "pegou" uma tradução no âmbito dos negócios. Encontrando comigo, perguntou se eu tinha um glossário bom, com os termos, porque ela não estava interessada em entender essas coisas. Acho que, como tradutora literária, ela pensava que tradução técnica é só X = Y e acabou a história. Não, não é: cada termo técnico de uma língua tem várias traduções na outra e a tradução correta depende do contexto. Não adianta dizer que em economês shares é ações, porque muitas vezes simplesmente não é.

O único modo de saber qual é a tradução correta é entenendo o original e para entender o original é necessário, além de entender a língua, enteder o assunto. Se não entender o assunto, não há dicionário bilíngüe que nos salve. Esse aspecto foi desprezado durante muito tempo, porque os teóricos só se ocupavam de tradução literária e humanística e, como todos eles tinham sólida formação literária e humanística, não se davam conta de que, para traduzir um livro de engenharia, não adianta muito a solidez da formação literária e humanística. O problema do assunto era rapidamente varrido para baixo do tapete dando à tradução não literária ou humanística uma posição inferior, bem inferior à literária. Os livros de teoria simplesmente não mencionavam nada que não fosse literatura ou humanidades e pronto, acabou. Até hoje, muitos dos teóricos acham a tradução "não literária" pouco digna de atenção, o que é uma pena.

Entretanto, aos poucos, os clientes foram se dando conta de que, para traduzir um texto há que entendê-lo e para entender um texto, há que entender do assunto. Quer dizer, não adianta muito pedir a um tal de Danilo Nogueira que traduza um texto sobre baseball pela simples razão que esse sujeito não entende nada da baseball e, portanto não vai entender patavina do texto.

De certo modo, esta terceira habilidade está intimamene ligada às duas primeiras: a linguagem do basseball, tanto em inglês como em português, me é tão alheia, que pedir que eu traduza uma crônica sobre baseball do inglês para o português é como se me pedissem para traduzir algo do cartaginês para o turco.

Da consciência de que é necessário entender do assunto para traduzir o texto, surgiu a idéia de contratar "gente da área" para as traduções. Quer dizer, contratar engenheiros para traduzir textos de engenharia, médicos para traduzir textos de medicina e assim por diante. Esse procedimento tem lá suas vantagens, mas traz também uns quantos probleminhas, que espero analisar amanhã.

Por hoje, é só. Obrigado pela visita.

Não esqueça da Reunião na sala 7. Grátis, como sempre.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Você revisa tradução automática?

Sabe, tradução automática? Na pior das hipóteses, Babelfish ou Powertranslator; na melhor, Systran? Voê revisa?

Outro dia, tinha um colega indignado dizendo que não revisa e pronto. Ele pode não revisar, mas eu reviso. Não tenho nada contra tradução automatizada. Aliás, é bem possível que, com o desenvolvimento do campo, os programas melhorem e comece a ficar cada vez mais comum algo que já se vê por aí: pedidos de revisores para tradução automática.

Por que a indignação? O problema não está em fazer revisão de tradução automática, mas sim em quanto se cobra para esse tipo de serviço. Todos nós prestamos uma porção de serviços diferentes e precisamos ter preços diferentes para eles. Por exemplo, eu cobro mais caro para traduzir arquivos ppt do que para traduzir arquivos doc. Por quê? Porque a produção é menor. Quer dizer, traduzir 4.000 palavras de MSWord é uma coisa, traduzir 4.000 palavras, mesmo que sejam exatamente as mesmas 4000, num arquivo PowerPoint, é outra coisa: demora muito mais e, por isso, custa mais caro.

O mesmo com as revisões. Há traduções que permitem revisar 10.000 num dia sem grande esforço. Para outras, 4.000 palavras num dia são um sufoco. Claro que as mais trabalhosas devem ter um preço por palavra mais alto, para compensar o tempo maior que exigem.

Faz uns quinze dias, peguei uma revisão feita por um tradutor que tinha dois defeitos: o primeiro era acreditar cegamente num glossário qualquer que conseguiu em algum lugar; o segundo era ter graves problemas de decupagem.

O original usava freqüentemente uma determinada palavra inglesa que tem duas traduções em português. O glossário do tradutor tinha só uma dessas traduções e essa foi usada de cabo a rabo na tradução, embora o contexto mostrasse que a tradução estava errada. Mas estava no glossário, e quem traduziu acompanhou o glossário.

A história da decupagem é mais complexa um pouco, principalmente porque não posso dar exemplos tirados do trabalho. Mas é o seguinte: se você tem uma frase inglesa que diga black coat and tie, pela gramática, em si, não dá pare dizer se o paletó e a gravata eram pretos, ou se preto era só o paletó. Cabe ao tradutor examinar o contexto e decidir o que era preto e o que não era. Pois quem fez a tradução metodicamente fazia o adjetivo se aplicar exclusivamente ao primeiro substantivo, um erro elementar. Ficava sempre o paletó preto e a gravata, por mais que o contexto indicasse o contrário.

Esse cliente me paga por hora e está acostumado com uma certa relação entre o número de palavras e o de horas gastas. Mas sempre me manda traduções feitas por um colega competente e essa estava um lixo. Então, foram mais horas e o preço foi maior. A quantidade de alterações deixava claro o trabalho que tinha dado a revisão e justificava a cobrança maior.

Cabe ao cliente, não a mim, somar o meu custo com o custo da tradução e ver se compensa mais entregar os futuros serviços ao tradutor competente ou ao incompetente, ao Systran ou a um tradutor humano. Cabe a mim o direito de cobrar pelos meus serviços em proporção ao trabalho que dêem. Só isso.

Agora, vamos ver se amanhã consigo postar de novo ou se vou ter outro revertério bloguístico. Só voltando amanhã, para saber. Obrigado pela visita – e não se esqueça da Reunião na Sala 7. Grátis, como de hábito.

Mais informações sobre a "Reunião na sala 7"

Para quem nunca participou, a "Reunião na Sala 7" é uma palestra à distância. Coisa muito simples. Você se inscreve e recebe um link. Uns dez minutos antes da hora marcada para o início, você clica no link e eu estou lá, falando abobrinha só para testar se tudo está em ordem. Na hora combinada, começa a palestra propriamente dita. Você ouve o que eu digo e pode comentar via chat. Aliás, a turma comenta o tempo todo mesmo e eu vou discutindo os comentários. Na tela, você vê um roteiro em powerpoint, que vai avançando junto com a palestra, para a gente não se perder.

Nada de muito especial, mas funciona, porque, além do que eu tenho a dizer, muitos dos participantes dão sua própria contribuição. Uma das grandes vantagens do formato é que, quando aparece algum chato, daqueles que ficam falando o tempo todo, não consegue atrapalhar ninguém, porque só eu tenho som.

Para esta edição, preparei uma discussão sobre os aspectos econômicos de nossa profissão. A idéia é que a maioria de nós reclama do que ganha mas não entende por que ganha tão pouco e, na minha opinião, é essencial entender o problema primeiro, para depois procurar uma solução.

Vale a pena lembrar que é absolutamente grátis.

Reunião na Sala 7 - grátis, a distância

Sábado, dia 14 de maio, temos, de novo a "Reunião na Sala 7", grátis, como de sempre. O tema vai ser Aspectos econômicos da tradução profissional.

Como o evento é a distância, para participar você só precisa de uma conexão com a Internet e um par da alto-falantes. Mais informações, aqui: http://www.aulavox.com/faq.htm

Para inscrever-se, clique aqui:
http://www.aulavox.com/eventos_2007/_abril/danilo/reuniaosala7-1404.htm

Todos são bem-vindos. Com de hábito, não cobramos nada, não vendemos nada, não pedimos nada, não recebemos nada, não passamos rifa nem lista. Se você quiser, posteriormente, fazer um dos cursos pagos, ótimo. Se não quiser, ninguém vai dizer nada nem fazer cara feia.

Fico grato por qualquer divulgação que você possa fazer do evento. Se você estiver lá com a gente, fico ainda mais satisfeito.

Alvíssaras

Gente, que horror!

Por mil motivos, perdi contato com meu blog e só recuperei hoje. Agora, recomeçam os artigos. Estava sentindo muita falta disto.

Ufa!