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quinta-feira, 26 de abril de 2007

Mais indignação

O pessoal também fica indignado com o que consideram falta de respeito pela profissão. Em verdade, pouca gente sabe que se pode viver de traduzir e os que não sabem incluem um bom número de professores do nosso ensino superior que afirmam ser impossível viver de tradução no Brasil. É impossível para eles, evidentemente, porque eu vivo de tradução e não é de hoje. Mas isso é outra coisa: não vamos nos desviar do assunto, agora. Mas, se um professor em curso superior de tradução afirma que não se pode viver de traduzir, não se pode achar muito estranho que o vendeiro da esquina ou nosso ex-colega de faculdade achem o mesmo.

Mas a história não fica aí. O segundo fator do problema é a própria postura de muitos de nós. Dizer que faz tradução é horrível. Eu não faço traduções, eu sou tradutor. É diferente. Dizer que faz tradução é um afastamento da profissão, que revela um certo pejo. Tem os que são professores de inglês, tem os que dão aula de inglês. Faz uma diferença e os que dão aula também estão se distanciando da profissão. Advogados se dizem advogados, médicos se dizem médicos. Advogados não dizem que estão patrocinando uma causas, médicos não dizem que estão vendo uns pacientes. Certos estão eles.

Dizer que está fazendo tradução é pior ainda, porque adiciona um elemento de trasitoriedade, de quem está fazendo algo agora para fazer algo melhor e mais importante depois. Há variantes piores, o peguei umas traduções que indica desespero de causa, indica o ser tradutor por absoluta falta de opção. Tem o a gente está aí traduzindo que é indizivelmente envergonhado. Dizer alguma coisa do tipo a gente está fazendo uma traduçõezinhas que pegou numa agência é o apogeu de vergonha.

Eu sou tradutor. Repita isso, cem vezes, mil vezes, até se acostumar com o som e ver como é gostoso dizer. Endireite as costas, levante a cabeça e diga sou tradutor (ou, o que é mais provável, sou tradutora), com voz firme. Se não conseguir dizer que é tradutor com orgulho, mude de profissão.

3 comentários:

Anônimo disse...

Danilo, mesmo sabendo que vou ouvir logo em seguida as perguntas "o quê?", "que que é isso?", respondo firme: Sou tradutora.
Uma vez tive de explicar a quem perguntou "que que é isso?", pois a pessoa não tinha, digamos, conhecimento: "Pego um livro que está escrito em inglês e escrevo tudo de novo na nossa língua." Ela arregalou os oooooolhos...
Stella Machdao, Tradutora com muito orgulho

Anônimo disse...

Pior é que fiz um mistyping no meu próprio nome...
Stella Machado, tradutora assim mesmo

Anônimo disse...

E eutra coisa, Danilo, meus emails trazem:

Stella Machado, tradutora e poeta