Escreve o Felipe:
Danilo, escrever no blog, para mim, é um começo de reação, no entanto não atinge muita gente. O que deveríamos fazer, então? Ir às ruas? Exigir a regulamentação da profissão? Essa questão, da regulamentação, pra mim é problemática, porque alguns tradutores não possuem diploma, não que seja um fator determinante, mas, ainda assim, como criar tais regras? Acho que o primeiro passo seria o reconhecimento da profissão, seguindo o exemplo contrário do que aconteceu com o jornalismo, e, também, a conscientização popular de que somos importantes para todos, tanto quanto um professor ou médico, para que assim possamos pensar em nos mexer definitivamente.
Manter contato com profissionais mais experientes, inclusive os mais bem-sucedidos é uma excelente maneira de agir e participar.
Você precisa, tão cedo quanto possível, decidir em que time você vai jogar: no time dos chorões, da turma que fica se lamentando que não dá, que não funciona, que não pode, que alguém precisa fazer alguma coisa, ou no time dos que aprenderam a dar conta do mercado. Porque existe um mercado, sim, e não é nem de longe tão ruim quanto se diz. Dá para viver de tradução, sim. Dá inclusive para viver muito decentemente. Nenhuma maravilha, não se fica milionário, mas vive-se bem e traduzir é muito bom. Creia-me, não é só traduzir poesia que dá prazer. A Kelli, que acho que nunca tinha visto um balanço antes de começar a trabalhar comigo, agora de diverte à grande burilando textos sobre finanças. E é muito bom, muito bom mesmo. Para quem gosta de traduzir, é claro.
Outro dia, tinha aqui no jornal um músico dizendo que "ser músico profissional é gostar de tocar Parabéns a Você pelo menos uma vez por dia, porque todo dia tem um aniversariante no salão e vem alguém pedir". E tocar Parabéns a Você todo dia é muito divertido. Aliás, cada dia você toca de um jeito diferente.
À medida que for apreendendo os macetes da vida profissional, compartilhe com os seus colegas. Compartilhe não os problemas, mas as soluções. É bom para você, é bom para a profissão. Veja este meu blogue: em vez da choradeira habitual em tantos lugares onde se fala de tradução, eu sou cheio das soluções, dos otimismos, das alternativas. Foi bom para muita gente, que aprendeu, aqui e alhures, uns tantos truquinhos comigo. Mas foi bem melhor para mim.
E continue comentando, Felipe. Blogue existe porque a turma comenta. Blogue sem comentário é pura masturbação mental.
Meu próximo artigo deve ser sobre música. Há tempos estou com vontade de escrever sobre música e tradução.
2 comentários:
Eu aprendo muito aqui, tanto que tenho repassado algumas coisas pro pessoal que estuda comigo, já que temos que conscientizar desde a base, uma vez que cachorro velho não aprende truque novo, como dizem.
Olá Danilo,
Eu também já aprendi muito contigo, desde que comecei a receber os emails do blog. Eu já acompanhava você lá na época do trad-prt, onde vc era presença respeitada. Isso foi na época em que eu estava saindo da faculdade de tradução em Franca, interior de SP, em 2000. Quem me indicou a lista na época foi um professor meu. Desde então não me dedico à tradução 100%, principalmente porque tenho uma franquia de curso de idiomas. Mas uma coisa eu aprendi na faculdade: poucos professores nossos, na época, tinham conhecimento de mercado. Com um pouco de briga, a gente conseguia alguns que realmente trabalhavam com isso. A maioria era na base da teoria, que também foi bom. Direto ao ponto, acho de uma camaradagem enorme da sua parte compartilhar sua experiência com os novatos e também com os veteranos, que muitas vezes acham que já sabem tudo. Eu mesmo já aprendi muito com você, principalmente sobre o mercado. Eu tive uma professora na faculdade que era intérprete profissional de conferências, coisa rara de se encontrar pra dar aulas, pois poucos querem compartilhar seus segredinhos. Mas ela era diferente. Ensinou muitos macetes e dizia, "se alguém aqui, um dia, estiver pronto pro mercado, eu indico." Achei muito louvável da parte dela fazer aquilo. E ninguém até hoje, acredito, tomou o lugar dela. Muito pelo contrário. Acho que Deus sempre a retribui com o céntuplo, e acho que isso sempre vai acontecer com você também. Nunca vai te faltar nada, acredite. Fazer as coisas egoisticamente, só traz mais mesquinhez. E ainda, você sempre vai arrebatar um monte de discípulos, como eu. Continue assim... Um abraço. Elvio Nascimento, Orlândia, SP.
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