Deixa voltar às agências, sempre um bom assunto, e continuar meu artigo anterior.
O nosso mercado é altamente pulverizado: há milhares e milhares de tradutores, cada um com suas especialidades, como há milhares e milhares de clientes, cada um deles com suas necessidades. Em um mercado como esse, é normal o aparecimento de intermediários. Há bons e maus intermediários e intermediação, como todo serviço, tem um preço, que os usuários podem achar vantajoso ou não.
Os serviços prestados pelas agências também variam muito. Para citar dois exemplos recentes e extremos que aconteceram comigo, uma empresa canadense precisava de alguém que fizesse tradução financeira do inglês para o português do Brasil. Não tinham a mais leve ideia de onde encontrar a pessoa adequada. Então, ligaram para uma agência, que oferecia traduções para mil e uma línguas.
A agência era pequena e não conheciam ninguém que pudesse fazer o serviço, mas a dona tinha um gordo caderninho de endereços, que vem cevando há anos, e, pergunta-que-te-pergunta, chegou a mim. Como o cliente não tinha o caderninho de endereços e o serviço era pequeno demais para justificar virar o mundo de pernas para o ar para achar um tradutor, o serviço saiu mais barato que se ele investido o tempo necessário para achar quem fizesse. Aliás, a agência me pagou bem, porque eu conheço aquela palavrinha mágica que nos faz ganhar melhor e venho aplicando há muitos anos.
Segundo caso: uma enorme financeira precisa, periodicamente, de documentos traduzidos para alemão, chinês, espanhol, francês, grego, holandês, italiano, japonês, norueguês, português, sueco e tcheco. Os documentos têm coisa de 120.000 palavras e precisam passar por editoração eletrônica nas respectivas línguas, o que está longe de ser fácil. Para essa empresa, montar um departamento de traduções para tocar essa tarefa durante um mês louco e ficar onze meses sem fazer nada, é loucura. Procuram uma agência, que tem pessoal especializado e cuida do serviço com tranquilidade. Claro, cobram, e cobram alto, porque é uma trabalheira infernal. Mas não pensem que o cliente final não fez as suas continhas antes de terceirizar a tarefa.
Ainda volto ao assunto. Bom feriado.
sábado, 5 de setembro de 2009
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3 comentários:
Olá Danilo. Meu nome é Elvio e gostaria de saber qual seria essa palavrinha mágica que você mencionou. Um abraço
Elvio, aqui não é o Danilo, mas eu sei qual a palavrinha: não.
"Não". É extraordinário como dizer "não", um "não" educado, mas firme, um "não" em explicações, sem desculpas, sem medo, faz o cliente repensar o preço.
— Podemos pagar X por palavra. De acordo?
— Não. Meu preço mínimo é Y.
Uso há muitos anos e é responsável por grande parte do meu sucesso profissional.
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