Este artigo é continuação e encerra uma série de três
Dois problemas: primeiro, o das editoras/agências que simplesmente contratam o tradutor mais barato que encontrarem e exigem o trabalho pronto em prazos breves demais, condições que os tradutores costumam aceitar sem pestanejar, de acordo com a idéia de que “se eu não aceitar, alguém aceita”; segundo, o da confusão “sem querer querendo” entre revisão de originais e leitura de provas.
A conjunção desses dois fatores criam problemas graves para revisores e leitores de provas: o tradutor faz porcaria, porcaria esta que é entregue a alguém para um “proofreading”. O leitor de provas se prepara para concentrar atenção em minúcias e no eventual pronome mal colocado, mas topa com um horror tradutório, cheio de frases sem sentido, anglicismos de freqüência, quando não com dúvidas do tradutor indicadas por pontos de interrogação – falhas que não deveriam ter passado pelo revisor e, provavelmente, nem pelo tradutor. Mas chegam não mão do revisor de provas / leitor de provas / proofreader, com o pedido de “dar uma olhada final, já passou inclusive pelo revisor.
Por essas e por outras, antes de aceitar um trabalho é bom examinar primeiro, salvo se a relação de confiança com o cliente for tão forte que permita discussões sobre prazo e preço depois de iniciado o trabalho.
Para terminar, vou contar uma historinha. Uma agência mandou um serviço de proofreading, com o aviso de que era só para examinar alguma falha de diagramação, porque o serviço já tinha passado por revisão e as provas tinham sido lidas pelo leitor de provas do cliente. Leitura de provas, aqui, é função da Vera, minha mulher e exímia catadora de erros em serviço alheio (principalmente no meu). A intuição feminina dela exigiu que ela fosse conferir uma data com o original e, evidentemente, a data estava errada. Passamos o serviço, motu proprio, para revisão de tradução / editing e conferimos tudo, tendo encontrado dúzias de erros factuais, por exemplo, datas erradas, listas de nomes que não conferiam com o original e mil outros problemas. Como isso foi acontecer, já é outra história. Como também é outra história o caso dos metidos a revisor.
Obrigado pela visita, deixe seu comentário e volte amanhã, que tem mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário