Num canto do escritório do cliente, uma caixa cheia de manuais xerografados. Naquele tempo, a gente ainda ia pessoalmente ao cliente, pegar e entregar serviço. Estava em início de carreira e com um fluxo de serviço ainda muito irregular e, por isso, cada vez que via a caixa, babava. O cliente dizia que estava aguardando autorização para mandar traduzir.
Um dia, me avisou que o serviço tinha sido liberado. Três meses para fazer tudo. Por que três meses? Porque sim e pronto: essas coisas não se discutem. Não precisava ser coisa muito boa, era só, realmente, um rascunho, para o pessoal dele entender do que se tratava.
Aliás, como não precisava revisar e como era um serviço grande, esperava um bom desconto. Dois, para dizer a verdade, um pela falta de revisão, outro pelo volume de serviço. Aceitei, todo satisfeito, levei a caixa para casa, dividi o trabalho com um colega e fui em frente.
Um mês depois, fui chamado de novo. O responsável pela área tinha mudado e o novo responsável tinha cancelado o serviço, dada a má qualidade da tradução. Não adiantou argumentar que o combinado era entregar sem revisão. O cliente disse que até para má qualidade há um limite, que ele entendia que era sem revisar, mas que estava, realmente, ruim demais. Pagaram o entregue e ponto final.
A segunda parte da história, conto amanhã. Posso garantir que foi uma lição importante.
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