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terça-feira, 23 de janeiro de 2007

De que vale um pedido?

Um colega me perguntou qual é o valor jurídico de um pedido de serviços de tradução. Boa pergunta, mas dirigida à pessoa errada: não sou advogado.

Mas, assim, de bate-pronto, posso dizer que o valor há de variar segundo a jurisdição cujo direito rege a operação. Se o pedido foi feito no Brasil para um tradutor que reside aqui, tem um valor diferente do que teria se fosse emitido em Idaho para um tradutor residente em Iowa. Esse é um grande problema da globalização: a gente fica sem saber realmente quais são nossos direitos e deveres. E, de qualquer modo, se um cliente indiano deixar de cumprir o que está no pedido, por mais que a legislação indiana pudesse nos proteger, é difícil processar o cara lá em Bombaim, Bombay, Mumbai ou como quer que você queira chamar o raio da cidadade.

A utilidadade maior do pedido, creio eu, é deixar claro e explícito o que o cliente quer, por pouca validade jurídica que o documento possa ter. Você conversou com o cliente, trocou e-mails e quetais, mas, no fala-fala, escreve-escreve, sempre podem surgir mal-entendidos e o mal-entendido é o pior que pode acontecer em um relacionamento profissional. No pedido, a gente deixa tudo explicadinho e, quando o cliente não faz tudo direitinho, a gente corrige. Por exemplo, se o cliente, no pedido, se dispõe a pagar 20 reais por lauda, mas não define lauda, é bom pedir a inclusão de uma definiçãozinha, para evitar aquele famoso "mas isso é uma lauda?".

Alguns clientes mandam pedidos propositadamente vagos, para depois encostar o tradutor contra a parede. Sabem que precisamos do dinheiro e que é fácil extrair um desconto injutificado de quem tem contas a pagar e cheque especial estourado. Então o cara liga e diz “sua fatura está em desacordo com o pedido” e, muitas vezes, por mais que você saiba que é sacanagem dele, lá pelas tantas cede e paga o quanto ele quer, não o que foi combinado. Para se livrar dessa gente, o melhor é promover seus serviços o tempo todo e arranjar clientes honestos.

Mas ainda vamos voltar a este assunto muitas vezes.

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