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domingo, 14 de janeiro de 2007

Tradução automatizada

Na tradução automática, o computador traduz sozinho. A expectativa era, há anos, de que o operador escolhesse um texto, indicasse ao computador as línguas de partida e de chegada, mandasse processar e fosse tomar um café. Quando voltasse, estaria tudo prontinho. O operador nem precisaria saber línguas: um chinês monoglota poderia tranquilamente, num dia de trabalho, traduzir um livro do russo para o japonês e outro do turco para o esquimó.

Não deu muito certo, pelo menos até agora.

O que se usa, mesmo, de fato, é tradução assistida por computador, quer dizer Trados, Wordfast, DéjàVu ou StarTransit, que, embora não traduzam nada, ajudam muito na tarefa de traduzir.

A tradução automática sempre foi o sonho de todos. Quer dizer, todos, menos os tradutores, para os quais é um pesadelo, porque – dizem – seria a morte de nossa profissão.

Há muitos mal-entendidos sobre tradução automatizada. Vamos ver se consigo lançar alguma luz sobre essa história toda.

Os tradutores eletrônicos que você encontra por aí são meros brinquedos e é muita safadeza disponibilizar para os incautos como se fossem programas sérios. Usá-los como prova de que tradução automática é impossível, por outro lado, é muita ingenuidade, porque há programas bem melhores no mercado, mas custam bom dinheiro. Alguns já sabem lidar com português, a maioria está melhorando, há até uns que fazem traduçõezinhas razoáveis, embora nenhum ainda esteja pronto para produzir uma tradução aceitável sem ajuda humana. Não sei se algum dia algum haverá algum que nos dispense.

Mas, bons ou mais, todos esses programas têm limitações. Não é este o lugar para fazer uma análise profunda dessas limitações. Grosso modo, pode-se dizer que aquilo que o um bom tradutor humano faz com facilidade, elas também fazem e fazem muito rapidamente: frases curtas, com pouca polissemia, pouca ambigüidade, poucas imagens e metáforas, sem desvios da norma culta, sem complexidades sintáticas, sem termos raros ou inovações terminológicas.

À medida que o texto vai se afastando dessas características de simplicidade, fica pior a tradução automática. Se tiverem de enfrentar, por exemplo, um parecer jurídico escrito por um advogado brasileiro, vão produzir um texto ainda mais terrível que o original, se parece possível.

Por isso, algumas empresas estão começando a usar redação controlada, quer dizer, fazer seus redatores escreverem de acordo com certos parâmetros que facilitam automatizar a tradução. Nem sempre é fácil conseguir que o especialista se acomode às regras e, portanto, surge a figura do “pré-tradutor”, um ser humano que adapta os textos às exigências do programa de tradução automatizada. Mesmo assim, a tradução não é perfeita e precisa de uma “pós-tradução”, também humana. E, claro, os bancos de dados e algoritmos dos programa precisam ser atualizados constantemente, também por seres humanos.

O processo que envolve pré- e pós- tradução é caro, mas pode dar um bom lucro quando um mesmo texto precisa ser traduzido para várias línguas: o custo da pré-tradução é dividido por várias línguas e, mesmo somado ao custo da tradução automática e ao custo da pós-tradução, ainda fica mais barato que o da tradução humana, sobre ser mais rápido. Entretanto, é inaplicável quando se trata de um texto a ser traduzido para uma língua só.

O que se pode deduzir de tudo isso? Em primeiro lugar, até um agnóstico empedernido como eu sabe que o futuro a Deus pertence: predizer o que vai acontecer é tarefa até que interessante, mas as previsões não são muito seguras. Ainda me lembro do que se dizia, na minha infância, sobre como ia ser o ano 2000. Chegou e passou o tal do ano e não é nada como diziam que ia ser. Porém, há umas tantas coisas que já estão emergindo como verdades agora e que merecem comentário.

Entretanto este artigo já está ficando longo demais e vou parar por aqui. Como assunto é importante e não se esgotou, vou voltar a ele daqui a uns dois ou três dias.

Obrigado pela visita e volte amanhã, que tem mais, provavelmente sobre dicionários, de novo. Se estiver em SP no sábado agora, dê um pulo no Colégio Maria Imaculada, perdo do Metrô Paraíso, para o enveto de férias da SBS.

Um comentário:

Anônimo disse...

Danilo, preciso de uma favor: você poderia passar para mim/nós o endereço daquela site que publica textos maravilhosos de tradutores do mundo inteiro e no qual vc colabora? Não consigo lembrar o nome. Estava nos favoritos, mas houve um problema de congestionamento no HD, o PC travou e, qd consegui acessar, dias depois, os favoritos haviam sumido.
Te agradeço muito.
Stela Machado