Tradicionalmente, no Brasil, “versão” é uma tradução do português para uma língua estrangeira. Confesso que não gosto do nome, mas é tradicional e não deixa de ser útil.
Escrever uma língua estrangeira é muito fácil. Escrever uma língua estrangeira direito é mais difícil. Escrever “sem sotaque” é quase impossível. Existe gente que é capaz de escrever “sem sotaque” em algumas áreas muito restritas, mas o número de pessoas que é igualmente proficiente em duas línguas é muito exíguo, muito menor do que o número de pessoas que se considera capaz de escrever duas línguas “sem sotaque”.
Problema grave, não? Principalmente porque o número de falantes nativos de outras línguas que sabe português o suficiente para fazer uma tradução que presta para suas próprias línguas também é muito pequeno. Isso significa que muitas traduções para línguas estrangeiras têm de ficar na mão de brasileiros, mesmo, não tem saída. Então, para muitos de nós, a solução é só uma: aprender a traduzir “ida-e-volta”.
Digo mais: andei raciocinando sobre essa história toda e cheguei à conclusão de que traduzir para uma determinada língua é um exercício importantíssimo para quem quer aprender a traduzir dessa língua. Quer dizer, traduzir do português para o inglês é um excelente exercício para quem quer aprende a traduzir do inglês para o português. Não estou dizendo nenhuma novidade, mas, de vez em quando, é útil voltar um pouco às raízes e reafirmar coisas que a gente sempre soube serem verdade.
Não sei se você sabia, mas a semana que vem a SBS vai promover um encontro para tradutores e professores e eu fui escalado para falar no sábado de manhã, dia vinte. Assunto? Como aproveitei minha experiência de traduzir para o inglês para melhorar minhas traduções para o português e vice-versa. É grátis, com direito a lanchinho. No Colégio Maria Imaculada, no Paraíso em São Paulo. As informações completas estão aqui. Vá lá e clique em no link para o 7º encontro de férias. Entre outras coisas, como de hábito, vamos falar mal dos ausentes e você não quer ser vítima de nossa língua, não é?
Falta lembrar que o mercado paga mais para as "versões" que para as traduções. Se e quando o diferencial vale a pena ou não é outra conversa, que fica para amanhã.
Por hoje é só e muito obrigado pela visita. Nos vemos no Maria Imaculada?
Um comentário:
Oi Danilo,
você tem muita razão. O problema que eu sinto aqui no Brasil é só que mesmo se tiver um número pequeno que sabe fazer versão, a quantidade de trabalho é ainda menor.
Sou tradutora, faço versão, e muitas vezes as pessoas me procuram, pedindo por tradução, não versão.
Bom, gostaria manter contato, gostaria me introduzir, mandar curriculo etc., talvez assim você pode juntar mais um(a) a seu número de tradutores que fazem versão.
Abraços,
Isabell Erdmann
(isabell27@btopenworld.com)
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